Livro - Colagens e poesias de Ingrid Wagner
Book - Ingrid Wagner's collages and poetry
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96 páginas - 21X29 cm
Ficha Técnica - Credits
Elaboração do Projeto Project Development:
Mônica Drummond
Marketing Cultural Cultural Marketing:
Cultural Office
Colagens e Poemas Collages and Poems:
Ingrid Marie Wagner
Texto de Apresentação Presentation Text:
José Carlos Corrêa Leite
Perfil Ingrid Wagner Ingrid Wagner Profile:
Zalmen Kornin
Projeto Gráfico Graphic Project:
Chantal Wagner Kornin
Versão Para o Inglês English Version:
Fábio Alberto e Silva
Revisão de Textos Texts Revision:
Michele Muller
Produção Gráfica Graphic Production :
Flávio Dias
Impressão Printing:
Maxigráfica
Um Menino Dorme Entre Margaridas
Texto de apresentação, por Zeca Corrêa Leite
Sereno e belo um menino está adormecido.
Placidez do sono, talvez a gentil face da morte.
À sua volta, margaridas. O céu em tons amarelados e escuros dá a sensação dúbia
de amanhecer ou anoitecer.
Um ciclo, enfim, se encerra.
O silêncio envolvendo o corpo em repouso, as pálpebras cerradas, as pétalas mudas,
enfeixam a última imagem de Colagens, de Ingrid Wagner.
A cena tocante poderia ser explicada como um momento após o sonho: tudo
aquilo que antes se viu, em narrativas e fragmentos, nada mais seria que levezas e
pesadelos no sono inquieto do garoto.
Este, porém, é apenas um exercício de imaginação.
Mesmo porque seria por demais pedante tentar explicar o que é tão-somente
sentimentos, volúpia de sensibilidade e imagens que por si só contam e recontam
histórias em silêncios.
Ingrid Wagner, a autora, buscou na transparência das tardes os caminhos de suas
narrativas.Cada obra tem como ponto de partida uma figura qualquer, que por algum motivo
se torna especial. “Geralmente parte de uma figura e vai evoluindo. É o fio da meada,
a pontinha do fio”, diz Ingrid.
Pilhas de revistas, milhares de páginas consultadas aos poucos oferecem a ela o
que procura: um objeto, paisagem, cena ou cor, simplesmente cor, na tonalidade
desejada.
Os recortes são por vezes, muitas vezes, diminutos. Extraídos de propagandas,
por exemplo, ajustam-se como ladrilhos no surrealismo das composições. Emendas
imperceptíveis colorem céus e chãos, montanhas e lavas. A calda de um doce de
revista gastronômica transfigura-se em tortura de sangue derramado.
A transformação é um dos elementos da criação de Ingrid, mas não é o essencial.
A busca maior está em fazer das colagens sua palavra e voz. “Coloquei textos no livro
pensando em acentuar a idéia do que fiz; estão ali mais para acompanhar a imagem
do que explicá-la. As obras trazem emoções, não necessariamente histórias”.
Razão e emoção caminham lado a lado.
“Para mim o que está ali é muito real, mas situa-se em outro contexto, numa outra
dimensão do real. A colagem permite isso. Acredito que numa pintura não teria o
mesmo efeito”, comenta a artista.
Quebra-cabeça constante o ato de recortar, montar, separar as peças, substituir por
outras. Papéis, papéis, papéis – e o painel surgindo lentamente entre erros e acertos,
até o último toque. Daí então a delicadeza cirúrgica da cola e o destino final das
centenas de recortes.
Silêncio e finitude permeiam as narrativas, mesmo nas cenas mais dramáticas.
Danação e santidade, anseios, desejos, sonhos, retalhos de pensamentos, lembranças
desfocadas.
“Nada é permanente. Há sempre um movimento de tempo, de passagem”, observa
Ingrid Wagner sobre sua obra.
Conclui:
- É tudo como um sonho, são realidades superpostas.
Zeca Corrêa Leite
Jornalista e poeta
páginas
descobertas
nervosas
tremulam
folhas de outono
borboletas
frenéticas
pages
uncovered
nervous
shiver
autumn leafs
frantic
butterflies
A boy sleeps amidst daisies
Introduction text by Zeca Corrêa Leite
Serene and beautiful is a boy who is asleep.
Placidness of the sleep, perhaps the gentle face of death.
Around him, daisies. The sky in dark and yellowish shades makes a doubtful impression of dawn
or dusk.
After all a cycle closes.
Silence involving the body at rest, eyelids shut, mute petals amass the last image of Collages, by
Ingrid Wagner.
The moving scene could be explained as a moment after the dream: all that was once seen, in
narratives and fragments, would be no more than lightness and nightmare in the restless sleep of the
boy.
This, however, is just an exercise for imagination.
Moreover because it would be overly presuming to try to explain what is nothing but feelings,
voluptuous sensitivity, and images that by themselves tell and retell stories in silences.
Ingrid Wagner, the author, sought in the transparence of the afternoons the paths for her narratives. Each work has any given shape as its starting point, and for some reason it becomes special. “Usually
it comes from a shape and it keeps evolving. It is the starting line, the tip of it”, says Ingrid.
Piles of magazines, thousands of consulted pages gradually give her what she seeks: an object, a
landscape, a scene or a color, simply a color, in the desired shade.
The cuts are sometimes, many times, tiny. Extracted from advertisements, for example, they adjust
as tiny tiles in the surrealism of the compositions. Imperceptible amendments color the skies and the
grounds, the mountains and lavas. The candy syrup from a gastronomical magazine transforms into
a blood spilling torture.
Transformation is one of the elements of Ingrid’s creation, but it is not the essential one. The greatest
search is in making of the collages her words and voice. “I put texts in the book trying to highlight the
idea of what I have made; they are there to follow the image more than to explain it. The works carry
emotions, not necessarily stories”.
Reason and emotion walk side by side.
“To me what is there is very real, but it takes place in another context, in another dimension of reality.
Collage allows that to happen. I believe it would not have the same effect on a painting”, comments the
artist.
A constant jigsaw puzzle is the act of cutting, assembling, separating the pieces, and substituting
them for other ones. Papers, papers, papers – and the panel slowly emerging among mistakes and
successes, until the finishing touch. Then the surgical delicateness of the glue, and the final destination
of the thousands of cuts.
Silence and finitude permeate the narratives, even in the most dramatic scenes. Damnation and
sanctity, urges, wishes, dreams, patches of thoughts, blurred memories.
“Nothing is permanent. There is always a movement of time, of passage”, observes Ingrid Wagner
about her work.
She concludes:
- It is all like a dream, they are overlapping realities.
Zeca Corrêa Leite
Journalist and poet
protegido
pela roupa de astronauta
liberta-se da nave mãe
flutua
agora sem destino
protected
by the astronaut garment
he is freed from the mother ship
he floats
now without a destination
aos olhos
sempre limpa
transparente
separa
a vidraça
to the eyes
always clean
transparent
separates
the glass window
retira da cruz
faz passageiro
da frágil embarcação
o senhor
de todos os nossos
destinos
ao emergir
faz-se fogo
só um entre entre cinzas
o peixe vermelho
removes from the cross
makes it passenger
of the frail vessel
the lord
of all of our
destinies
as it emerges
ir turns into fire
only one among ashes
the red fish
sob o sigilo da noite
jorra espuma
em rosas brancas
puras
o mar
under the shroud of the night
it overflows foam
in white roses
pure ones
the sea
eternamente
na vitrine
se devolvem aos lençóis
seu imaculado branco
eternally
in the shop window
are given back to the sheets
its immaculate white
paredes causam vertigem
fazendo todos os dias iguais
walls cause vertigo
making every day the same
em passeios pelo bosque
ocultas pela capa
miram maçãs
atiram ao chão
os sapatos de salto
in strolls around the woods
concealed by the cape
they aim at apples
they toss to the ground
the high-heel shoes
One response to “Livro Ingrid Wagner - Colagens”
This book is wonderfull!! Images and words in harmony and daring associations... (Brett, USA)
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